quinta-feira, 28 de maio de 2009

Blogue novo na área


Com Chacrinha e Baudelaire

25 maio 2009

Internauta de primeiras viagens, com menos de dois anos de navegação, já há algum tempo venho sendo estimulado por amigos e leitores a criar um blogue (assim mesmo, antropofagicamente aportuguesado). Afinal, segundo eles, com quase meio século de jornalismo, eu deveria dispor de um espaço próprio para dar o meu recado e expressar as minhas opiniões, fora dos eventualmente disponíveis nas palestras e na mídia. E a internet abre, democraticamente, o caminho para isso, na medida em que proporciona a todos a alternativa de deixarem de ser apenas passivos consumidores de mídia. Não há contra-indicação: se todos resolvessem construir blogues pessoais, o único inconveniente possível, mas improvável, é acabarmos falando sozinhos, mas o monólogo ainda seria, diante da vida, opção mais criativa do que a postura de inércia da maioria dos meros leitores, ouvintes e/ou telespectadores. A participação é, afinal, um dos pressupostos não só da democracia, mas da própria vida.

Também há tempo, no entanto, ando ocupado com três projetos de livros: a 2ª edição do Leme: viagem ao fundo da noite; a gravação das minhas memórias; e uma coletânea de artigos publicados ao longo da carreira, por sugestão do meu amigo Michel Misse, professor de Sociologia do IFCS/RJ e também escritor. O blogue seria, portanto, um quarto item numa agenda que já me absorve por inteiro, ainda que não me obrigue a postagens diárias.

Foi nesse momento de avaliação dos prós e contras que se fizeram ouvir, dos desvãos da memória, dois argumentos decisivos e definitivos: “É preciso ser um homem do seu tempo” (Charles Baudelaire) e “Quem não se comunica se trumbica” (Abelardo Barbosa, o Chacrinha). Vozes distanciadas pelo tempo em que viveram e, inclusive, dissidentes – por exemplo, quanto ao domingo, pois o francês detestava o dia da semana em que o pernambucano atingia o orgasmo do seu protagonismo midiático – confluíram, assim, para me engajar, às vésperas dos 70 anos, numa nova experiência, um novo aprendizado.

Não quero me trumbicar, deixando de me comunicar e de ser um homem do meu tempo. E o blogue está aí, fundindo, numa síntese dialética, os artigos que continuo coletando do passado com as impressões, imagens e opiniões do presente. Desde já, com inquietante saudade do futuro, da completude que ainda está por vir.

Arthur Poerner

P.S.: Por favor, não se trumbiquem: enviem opiniões e sugestões para arthurpoerner.blogspot.com

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