Gabriel Ribeiro
Em 2005 vivemos um dos piores momentos da nossa vida como militantes petistas, foram longos meses de ataques da mídia que todos os dias espezinhava e agredia duramente nosso partido somando uma pequena parcela de fatos reais e muitas mentiras, militantes e dirigentes do PT eram acusados de envolvimento em todos os tipos de crimes, desde tráfico de influência até mesmo envolvimento em assassinatos.
Mas esses ataques não aconteciam de maneira desorganizada, a estratégia era viabilizar uma vitória da direita neoliberal representada pelo PSDB/DEM (na época ainda PFL) nas eleições que aconteceriam em 2006 e se dividiam em três táticas:
1 – Decretar o fim do PT e das idéias de esquerda, o partido ético, portador de utopias, defensor do socialismo havia chegado ao fim, esse primeiro objetivo além de decretar o fim do PT tinha também como alvo todas as idéias de esquerda que ainda estão fortemente presentes na sociedade brasileira, quase todas as matérias de jornais e “especialistas políticos” diziam que o socialismo petista estava associado a um projeto de assalto do Estado.
2 – Heloisa Helena como Plano B, para o eleitorado que mesmo assim mantivesse alguma referência na esquerda, a mídia monopolista apresentava Heloisa Helena como alternativa. Só para recordar um fato: durante o Governo FHC, quando Heloisa Helena era senadora PT no episodio da cassação do senador Luiz Estevão essa mesma mídia fazia insinuações machistas contra a parlamentar, mas depois que passou a criticar dura e injustamente o PT e o Governo Lula, HH transformou-se na representação humana da ética e da moral defendida pela mídia e passou a ser apresentada como “a verdadeira portadora das idéias de esquerda” como se a força política e eleitoral da esquerda se reduzisse a nanicos como o PSOL e o PSTU.
3 – Destruir a referência da juventude brasileira no PT, apresentar o PT como “partido de velhos e corruptos” para a juventude tinha o objetivo de médio prazo, se não fosse possível liquidar o PT naquele momento, era necessário no mínimo quebrar a referência de uma nova geração no partido, ou seja, a melhor maneira de “acabar com a nossa raça” era inviabilizar a possibilidade de renovação da militância e dos dirigentes do PT.
O PT sofreu desgastes com todos esses ataques, mas não acabou e nem deixou de ser a principalmente referência da esquerda brasileira e da juventude, porque apesar de um poderoso e quase impenetrável período de ataques a mídia monopolista e a direita neoliberal não contavam com um fator fundamental nesse processo: a militância petista. Essa militância foi ao PED de 2005 e realizou a maior mobilização partidária que o Brasil já conheceu e deu vitalidade para o PT e o nosso Governo organizarem respostas, o que abriu um novo período que chegou ao seu auge na nova vitória de Lula em 2006.
Em 2009 parece que novamente vemos como a mídia monopolista e a direita neoliberal tentam repetir a História (ou estória nesse caso), com os mesmos jargões, “O PT acabou”, “a verdadeira esquerda tem que votar em Marina”, “a juventude brasileira detesta o PT”.
Temos que reconhecer que os episódios que ocorrem hoje no Senado merecem a mais absoluta investigação e que a posição do Planalto de apoio incondicional a Sarney é desgastante para o nosso partido, mas isso é resultado de uma tática política equivocada de sustentar nosso Governo somente através do parlamento sem construir relações, projetos comuns e mobilizações conjuntas com as forças sociais que garantiram as nossas vitórias eleitorais e fundaram o PT.
Também é bem verdade que nossos adversários aprenderam com seus erros em 2005, sabem que não é possível derrubar o Governo Lula, mas pretendem atacar diretamente nosso potencial militante como tem feito sistematicamente nos episódios Sarney e Marina Silva.
Mas uma grande parte das respostas a esses desafios está nas mãos dos milhares de filiados e filiadas do PT, o PED 2009 já começou e nossa tarefa não é somente discutir as questões domésticas do partido. Temos que responder como vamos fortalecer e renovar as idéias e sonhos que fundaram o PT? Qual o novo papel que as forças vivas da sociedade podem ter em nosso próximo Governo? E como traduzir em militância e profunda renovação a referência que a maioria da juventude brasileira tem no PT?
Para a tentativa da mídia monopolista e a direita neoliberal o companheiro Karl Marx já deu resposta há mais de um século e meio: a História só se repete como farsa.
Gabriel Ribeiro é membro da Coordenação Nacional da corrente Movimento PT e militante do Movimento Fora da Ordem. gabrielribeiropt@yahoo.com.br