segunda-feira, 24 de agosto de 2009

2005 x 2009: A História só se repete como farsa

Gabriel Ribeiro

Em 2005 vivemos um dos piores momentos da nossa vida como militantes petistas, foram longos meses de ataques da mídia que todos os dias espezinhava e agredia duramente nosso partido somando uma pequena parcela de fatos reais e muitas mentiras, militantes e dirigentes do PT eram acusados de envolvimento em todos os tipos de crimes, desde tráfico de influência até mesmo envolvimento em assassinatos.

Mas esses ataques não aconteciam de maneira desorganizada, a estratégia era viabilizar uma vitória da direita neoliberal representada pelo PSDB/DEM (na época ainda PFL) nas eleições que aconteceriam em 2006 e se dividiam em três táticas:

1 – Decretar o fim do PT e das idéias de esquerda, o partido ético, portador de utopias, defensor do socialismo havia chegado ao fim, esse primeiro objetivo além de decretar o fim do PT tinha também como alvo todas as idéias de esquerda que ainda estão fortemente presentes na sociedade brasileira, quase todas as matérias de jornais e “especialistas políticos” diziam que o socialismo petista estava associado a um projeto de assalto do Estado.

2 – Heloisa Helena como Plano B, para o eleitorado que mesmo assim mantivesse alguma referência na esquerda, a mídia monopolista apresentava Heloisa Helena como alternativa. Só para recordar um fato: durante o Governo FHC, quando Heloisa Helena era senadora PT no episodio da cassação do senador Luiz Estevão essa mesma mídia fazia insinuações machistas contra a parlamentar, mas depois que passou a criticar dura e injustamente o PT e o Governo Lula, HH transformou-se na representação humana da ética e da moral defendida pela mídia e passou a ser apresentada como “a verdadeira portadora das idéias de esquerda” como se a força política e eleitoral da esquerda se reduzisse a nanicos como o PSOL e o PSTU.

3 – Destruir a referência da juventude brasileira no PT, apresentar o PT como “partido de velhos e corruptos” para a juventude tinha o objetivo de médio prazo, se não fosse possível liquidar o PT naquele momento, era necessário no mínimo quebrar a referência de uma nova geração no partido, ou seja, a melhor maneira de “acabar com a nossa raça” era inviabilizar a possibilidade de renovação da militância e dos dirigentes do PT.

O PT sofreu desgastes com todos esses ataques, mas não acabou e nem deixou de ser a principalmente referência da esquerda brasileira e da juventude, porque apesar de um poderoso e quase impenetrável período de ataques a mídia monopolista e a direita neoliberal não contavam com um fator fundamental nesse processo: a militância petista. Essa militância foi ao PED de 2005 e realizou a maior mobilização partidária que o Brasil já conheceu e deu vitalidade para o PT e o nosso Governo organizarem respostas, o que abriu um novo período que chegou ao seu auge na nova vitória de Lula em 2006.

Em 2009 parece que novamente vemos como a mídia monopolista e a direita neoliberal tentam repetir a História (ou estória nesse caso), com os mesmos jargões, “O PT acabou”, “a verdadeira esquerda tem que votar em Marina”, “a juventude brasileira detesta o PT”.

Temos que reconhecer que os episódios que ocorrem hoje no Senado merecem a mais absoluta investigação e que a posição do Planalto de apoio incondicional a Sarney é desgastante para o nosso partido, mas isso é resultado de uma tática política equivocada de sustentar nosso Governo somente através do parlamento sem construir relações, projetos comuns e mobilizações conjuntas com as forças sociais que garantiram as nossas vitórias eleitorais e fundaram o PT.
Também é bem verdade que nossos adversários aprenderam com seus erros em 2005, sabem que não é possível derrubar o Governo Lula, mas pretendem atacar diretamente nosso potencial militante como tem feito sistematicamente nos episódios Sarney e Marina Silva.

Mas uma grande parte das respostas a esses desafios está nas mãos dos milhares de filiados e filiadas do PT, o PED 2009 já começou e nossa tarefa não é somente discutir as questões domésticas do partido. Temos que responder como vamos fortalecer e renovar as idéias e sonhos que fundaram o PT? Qual o novo papel que as forças vivas da sociedade podem ter em nosso próximo Governo? E como traduzir em militância e profunda renovação a referência que a maioria da juventude brasileira tem no PT?

Para a tentativa da mídia monopolista e a direita neoliberal o companheiro Karl Marx já deu resposta há mais de um século e meio: a História só se repete como farsa.

Gabriel Ribeiro é membro da Coordenação Nacional da corrente Movimento PT e militante do Movimento Fora da Ordem. gabrielribeiropt@yahoo.com.br